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15 de outubro de 2010

Capitulo: 56 Arqueólogos contestam !

Arqueólogos contestam o Êxodo da Bíblia

As controvérsias sobre a historicidade da Bíblia nunca cessaram, mas diante das evoluções políticas em Israel elas ganham nova amplitude, conforme divulgado nos jornais Lê Monde e The New York Times (Henri Tincq).
Pouco a pouco a religião pela posse da verdade vai perdendo a autoridade para explicar o mundo. Quando no século 19 Darwin lançou sua teoria sobre a evolução das espécies, contra a idéia da criação divina, o fosso entre ciência e religião já era intransponível. Nas últimas décadas, a Bíblia passou a ser alvo de ciências como a filologia, o estudo da língua e dos documentos escritos , a Arqueologia e a História. É o que os cientistas estão provando é que "o livro mais importante da história" é, em sua maior parte, uma coleção de mitos, lendas e propaganda religiosa.

Um único reino, um único povo, uma única capital, um único templo: uma história contada nos livros sagrados para servir, segundo dois pesquisadores israelenses, às ambições territoriais e religiosas do reino de Judá, no século 7.

A arqueologia bíblica é a disciplina mais exposta a interpretações teológicas e políticas. Um livro de Israel Finkelstein, renomado arqueólogo israelense, professor na Universidade de Tel Aviv, e de seu colaborador Neil Asher Silberman relança a polêmica sobre a historicidade dos relatos bíblicos como o dos patriarcas e fatos como a fuga do povo judeu do Egito e a conquista da terra de Canaã. Para eles, trata-se de lendas compiladas no século 7 antes de Cristo, na época do rei Josias, o grande reformador político e religioso do reino de Judá.

“A migração dos patriarcas Abraão, Isaac, Jacó, a épica saída do Egito do povo judeu que tinha sido reduzido à escravidão, e a conquista de Canaã, a terra prometida por Deus, realmente existiram? Há 50 anos os pesquisadores comparam a Bíblia com as descobertas mais recentes, e assim revolucionaram algumas certezas científicas ou teológicas estabelecidas desde a noite dos tempos. Zeev Herzog, professor de arqueologia na Universidade de Tel Aviv, salienta que “nenhum procedimento científico prova a realidade dessa saída do Egito, os longos anos de errância no deserto e a conquista da Terra Prometida”
Essa versão já era difícil de engolir pelos meios judeus ultra-ortodoxos, mas como eles reagirão à leitura da magistral síntese de dois arqueólogos israelenses, Israel Finkelstein e Neil Asher Silberman, que acaba de sair na França sob o título de “La Bible dévoilée” ( “A Bíblia Desvendada”, editora Bayard). Há um ano, nos Estados Unidos, seu livro foi colocado no index, nos meios tradicionais, mas esse texto despertou um vivo interesse entre os judeus ortodoxos, liberais e leigos. Sua hipótese de trabalho revoluciona os estudos bíblicos.
Finkelstein e Silberman não têm a menor dúvida sobre a inautenticidade dos grandes relatos fundadores. Para eles, a Bíblia é uma genial reconstituição literária e política de toda a história do povo judeu, que corresponde ao surgimento do reino de Judá (reino israelita do sul) como potência regional no século 7 antes de Cristo. Uma época em que o reino de Israel (reino israelita do norte) outrora mais prestigioso que Judá, passa ao domínio da Assíria vizinha e quando o império assírio inicia seu declínio.
Sob, Josias, rei de Judá de 640 a 609 antes de Cristo, os textos bíblicos compilados se tornaram instrumento de uma nova religião: um único povo (judeu); um único rei (reunificação dos reinos de Israel e Judá); um único Deus (o verdadeiro início da idéia monoteísta); uma única capital, Jerusalém, e um único templo, o do rei Salomão, são o centro da nova lei consignada no Deuteronômio.
É uma chave revolucionária de interpretação da Bíblia a proposta por eles, que relêem o grande livro sagrado partindo dos relatos dos Reis, dos Profetas e do Deuteronômio, até os textos mais antigos, e portanto mais duvidosos, especialmente o do Êxodo. E estabelecem a coerência entre o Deuteronômio e os primeiros livros do Pentateuco (Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio), relatos transmitidos através dos séculos, desde a família fundadora de Abraão até a nação judia e a época dos reis. Relatos lendários ampliados, embelezados para servir ao projeto do rei Josias de reconciliar os dois reinos israelitas e se impor diante dos grandes impérios regionais, Assíria, Egito e Mesopotâmia.
Na “Pré-história devota”,dito de outro modo, a grande saga dos patriarcas, de Abraão e os filhos de Jacó, não tem qualquer fundamento histórico, afirmam Finkelstein e Silberman. Os nomes dos personagens e dos lugares citados não têm qualquer “prova” arqueológica. O relato dos patriarcas sobre os lugares citados não têm qualquer “prova” arqueológica. O relato dos patriarcas não passa de uma espécie de “pré-história devota” do povo judeu, escrita no século 7 antes de Cristo por autores para servir à ambição territorial do reino de Judá. Ele descreve as primícias da nação judia, o caráter ilimitado de suas pretensões geográficas (Abraão, partindo de Ur na Caldéia, vai até Hebron e se instala em Canaã). Ele mostra que os israelenses adotaram todas as tradições do norte e do sul. São “relatos costurados” “a partir de lembranças”, vestígios de antigos costumes, lendas sobre o nascimento dos diferentes povos da região e preocupações geradas pelos conflitos contemporâneos.
O relato da saída do Egito também é fictício, muitos reinos e locais não existiram, citados no Êxodo, só viriam a existir 500 anos depois, justamente no período dos escribas deuteronômios. Levando-se em conta a relação de forças na época presumida do fato, século 13 a . C., é impossível imaginar a fuga a pé do Egito de 600 mil escravos hebreus que teriam cruzado as fronteiras poderosamente guardadas na época e atravessado o deserto até Canaã, apesar da presença das tropas egípcias. É o que provam todas as explorações arqueológicas, incluindo na região mais próxima ao Monte Sinai, suposto local da revelação de Deus onde Moisés teria recebido os Dez Mandamentos. Sua localização no atual Egito, foi escolhida entre os séculos IV e VI d . C., por monges cristãos bizantinos, porque ele oferecia uma bela vista.
Locais bíblicos tão célebres quanto Beersheba e Edom não existiam na época do Êxodo. E nenhum rei se encontrava em Edom para enfrentar os israelitas. Conclusão dos autores;

“Os locais mencionados no êxodo existiram. Alguns eram conhecidos e aparentemente foram ocupados, mas muito depois do tempo presumido do Êxodo, bem depois do surgimento do reino de Judá, quando os textos do relato bíblico foram compostos pela primeira vez”.

Os dois arqueólogos multiplicam os exemplos nos relatos bíblicos para chegar ao núcleo central de sua tese. Sob os reinos de Israel e Judá, os relatos dos patriarcas, sobre o Êxodo, não há nenhuma evidência de que vagaram pelo deserto do Sinai. Sobre a conquista da Terra Prometida foram conservados para se transformar no século 7 antes de Cristo em um poderoso apelo à união nacional do povo judeu, para enfrentar as ameaças dos impérios vizinhos. Um Israel forte e unificado ao redor de seu Deus único e de sua capital única, Jerusalém, então em plena expansão demográfica e econômica.
A Bíblia também compila tradições diversas e originais, conta no Êxodo, por exemplo, os episódios da luta secular com o Egito dos faraós, vencida pelo poder do Deus de Israel e a condição milagrosa do seu povo. A grande saga bíblica serve assim à visão militar-religiosa do rei de Judá e entra em consonância com os leitores do século 7 a .C., lembra seus sofrimentos e os enche de esperança para o futuro.”

O relato da Bíblia sobre o Rei David é tão conhecido até mesmo para as pessoas que raramente abrem o Livro Sagrado. Segundo a Escritura, era um líder militar tão soberbo, que não só capturou Jerusalém, mas também transformou a cidade na sede de um império, unificando os reinados de Judá e Israel. Assim começou a era gloriosa, mais tarde ampliada por seu filho o Rei Salomão, cuja influência se estendeu da fronteira do Egito até o Rio Eufrates. Depois veio a decadência.
Mas se a descrição da Bíblia não estiver de acordo com as evidências do solo?
E se Jerusalém da David era, na realidade, um vilarejo rural atrasado e a grandeza de Israel e de Judá estivessem num futuro longínquo?
As autoridades em arqueologia de Israel, tem feito estas afirmativas, falando do ponto de vista das descobertas recentes de escavações do passado antigo.

“- Da maneira que vejo as descobertas, não há evidência alguma de uma grande e unida monarquia, nem de Jerusalém governando vastos territórios, disse Israel Finkelstein
“não era nada além de uma pobre vila da época”.

Finkelstein, acadêmico, chefe de escavações de Megiddo, um sítio arqueológico importante no norte de Israel. Afirmam seus relatórios que algumas estruturas atribuídas a Salomão, na realidade, foram construídas depois de seu reino. Suas interpretações contestam algumas histórias mais conhecidas na Bíblia, como a conquista de Canaã por Josué e o que aconteceu com Jerusalém depois que foi capturada pelos babilônios há 2.600 anos.

Conta a lenda bíblica que uma princesa egípcia salva uma criança de três meses abandonada nas águas do rio Nilo; ela resolve adota-lo e cria-lo como um filho na corte do faraó, sem saber que o menino viria a se tornar um grande homem na terra do Egito e, sobretudo, que a história dessa criança se confundiria com a fundamentação da religião judaico-cristã. Tanto o nascimento de Moisés quanto os demais episódios de sua vida fazem parte do imaginário e do pensamento ocidentais, extrapolam o texto bíblico e ganham um lugar de destaque em nossa cultura. Moisés é figura central não apenas do Pentateuco, mas também de todo o Antigo

Moisés – o maior legislador e profeta judeu que “conduziu” seu povo do Egito para a “Terra Prometida”. Deve ser considerado como fundador, tanto da nacionalidade, quanto da religião de Israel. Permanece como uma das maiores figuras da História. Embora até mesmo o mais remoto código de leis da Bíblia, seja simplesmente a transcrição da lei civil comum a Babilônia, Assíria e aos hititas, na sua forma local.
Teve a visão de uma sarça (ou silvado) que ardia sem se consumir e dentro do fogo uma voz lhe falou, fazendo-se conhecer pelo nome de Yahweh (Jeová), o Deus dos patriarcas Abrão, Isaac e Jacó. A revelação divina veio acompanhada de sinais que ainda mais fortaleceram em Moisés a sua predisposição para a tarefa recebida.

Uma bela história ou mito! Transformação lendária de acontecimentos históricos e relatos feitos muitos anos depois, seja a da versão bíblica ou a apócrifa. Moisés com 110 anos , em toda a sua forma física subiu ao cume Nebo, de onde poderia ter uma visão da Terra prometida à qual ele nunca chegaria. Seu sepulcro, ninguém sabe, “até hoje”. Será que Moisés foi o homem humilde, muito humilde, das escrituras? No Antigo Testamento, foi ele quem reuniu famílias, clãs e tribos hebreus para dar-lhes uma religião, uma nação, um nome e principalmente uma Lei. Entretanto, um exame mais atento do texto bíblico revela dúvidas e muitas contradições até mais do que confirmações.

Em Moses (Moisés), vigorosa obra da biografia de Moisés escrita por Jonathan Kirsch, com base em passagens indiretas do Antigo Testamento, como as fascinantes alusões à idéia de que Miriam, ao contrário do que diz na Bíblia, não era irmã de Moisés mas uma sacerdotisa com sua legião de fiéis e um papel próprio na libertação dos judeus no Egito. “Alguns estudiosos dizem que Miriam é real e Moisés é inventado. Outros sugerem que ambos existiram mas não eram irmãos – Miriam, afirmam, era ela própria sacerdotisa e profeta”, porém na Bíblia acabou absorvida na figura de “irmã” de Moisés, uma ancestral de construção numa versão convenientemente política (dissolvendo a importância e as realizações das mulheres).
Em, “Moisés Um Príncipe Sem Coroa”, o premiado escritor e jornalista apaixonado pela pesquisa histórica Gerald Messadié nos traz mais luz sobre Moisés e o Êxodo. Ele conclui que o relato do Êxodo é suspeito em virtude da própria abundância de detalhes, cinco séculos mais tarde, desse episódio crucial que é o nascimento do fundador da nação de Israel. Que o cesto foi posto na água no carriçal das margens. Nesse caso ele poderia permanecer ali indefinidamente, preso aos juncos; não serviria a ninguém esconder dessa maneira uma criança condenada à morte, uma vez que não poderia recuperá-la em curto prazo; significaria, sim, expô-la a morrer de fome ou a ser devorada por crocodilos ou ratos. Cabe também perguntar também por que Aarão, irmão de Moisés, não teve a mesma sorte. Esse relato conta também que a irmã de Moisés, mantinha-se a curta distância do lugar em que o cesto impermeabilizado “com betume e pez” foi posto na água, para ver o que aconteceria com ele; ora, amarrado do jeito que ele estava, nada podia acontecer-lhe.
Pode-se também ficar surpreso com a presciência da princesa, que reconheceu instantaneamente um pequeno hebreu. Em que poderia ela reconhece-lo? Certamente por causa da circuncisão, já que os jovens egípcios eram também circuncisados (aliás, o costume hebraico foi, sem dúvida tomado de empréstimo durante a longa permanência dos hebreus no Egito). O mesmo relato afirma que “a filha do faraó” banhava-se no Nilo, “enquanto as suas criadas andavam à beira do rio”. Essa representação fantasiosa desconhece totalmente os costumes da corte; os egípcios eram adeptos de uma limpeza meticulosa e, desde o Antigo Império, as princesas egípcias se banhavam nos lavatórios ou em piscinas particulares alimentadas com águas de poços ou com a água do Nilo filtrada na areia, e não no Nilo barrento como faziam as camponesas. Os lavatórios aparecem em todos os palácios reais desde três mil anos antes de Cristo. As circunstâncias da descoberta do berço de Moisés, de acordo com o êxodo, são simplesmente inverossímeis à luz da egiptologia.
Finalmente, a compaixão da filha do faraó também obedece às eternas leis da ficção popular; teria sido em vão se uma filha do rei se opusesse à vontade dele, salvando da morte uma criança hebréia se seu pai, o rei, tivesse decidido que esta não devia sobreviver. Mais inverossímil ainda é que, depois da ordem faraônica do assassinato das crianças hebréias, a própria filha do faraó tenha adotado essa criança; é certo que adoção já existia no Egito, como mostra, entre outros, o papiro 1946.96 do Ashmoleam Museum em Londres, mas a adoção de um condenado à morte por uma filha do faraó é uma hipótese muito audaciosa, e mesmo extravagante. De fato, ela investiu Moisés de direitos equivalentes aos de um príncipe de sangue egípcio e o próprio êxodo reafirma que Moisés permaneceu nessa família desde sua infância e viveu no palácio até “crescer” como diz o Êxodo.
O autor também confirma que o Pentateuco não dá nenhuma indicação fiável, e o número de seiscentos mil homens, sem contar os parentes, citado pelo êxodo, é extravagante: isso teria representado uma população de pelo menos um milhão e meio de pessoas, o que retira todo o crédito de um êxodo em massa de tanta gente em um ou dois dias, quando a população do vale do Nilo (Baixo, Médio e Alto Egito) situar-se-ia entre um milhão e meio de habitantes.
O Êxodo apresenta Moisés como chefe espiritual dos hebreus no Egito; esse ponto é discutível, e mesmo improvável, pois, de acordo com o que sabemos através da egiptologia dos reinos de Seti I e de Ramsés II, não nos inclinamos a admitir que esses dois faraós, ainda mais autoritários que os seus predecessores, tenham permitido a existência de uma entidade hebraica no país, posta sob a autoridade de um chefe autônomo que pudesse falar de igual com Ramsés II; além disso, os hebreus eram considerados escravos. A hipótese chega mesmo a ser absurda. Trata-se, evidentemente, de um enfeite hagiográfico, por sinal muito compreensível na época em que o livro do Êxodo foi escrito.
Um ponto obscuro na já bastante sucinta biografia de Moisés no Egito, segundo o êxodo, é seu estatuto conjugal antes da fuga para os madianitas. Um homem raramente se mantinha solteiro após os vinte anos, exceto se parecesse enfermo. A idade comum para o casamento, tanto para os egípcios quanto para os hebreus, girava em torno dos quinze anos. É evidente que Moisés, cuja reputação no Egito era grande, segundo o próprio Êxodo, teve, de acordo com o costume egípcio, uma companheira, ainda que fosse apenas uma concubina. ´É difícil conceber que ele não tenha tido filhos.
Um dos elementos que nos inclinam a crer que Moisés não tenha retornado ao Egito, contrariando a versão do Livro do Êxodo, é o papel subitamente preponderante assumido por Aarão, único capaz de informar os hebreus da missão concedida a Moisés pela sua revelação e, também, único capaz de transmitir-lhes suas instruções. Se Moisés tivesse retornado ao Egito, ele não teria necessidades dos serviços de Aarão. E temos dificuldades em discernir as razões pelas quais, no Livro do Êxodo, Iahweh tanto aparece para Moisés sozinho quanto a Moisés e a Aarão, mas nunca para Aarão sozinho. Além disso, somos obrigados a substituir, no domínio da lenda fantástica, as competições de magia entre, de um lado, Moisés e Aarão e, do outro lado, os magos egípcios, tal como descreve o Livro do Êxodo, onde se pode ver o cajado de Aarão ser transformado em serpente e comer as varas dos magos egípcios. Esses truques de magia são pouco condizentes com a psicologia e a dignidade e imagem do grande legislador que foi Moisés.
As passagens do Livro do Êxodo que se referem a esse assunto pecam também por anacronismos que denunciam tanto o desconhecimento do Egito quanto a data tardia da redação do Pentateuco. Assim, vemos nessas passagens o Senhor ordenar a Moisés para que acorde bem cedo pela manhã e se interponha no caminho do faraó até o rio. (Ex, VIII-20), erro similar ao pretende que a filha do faraó fizesse suas abluções nas águas do Nilo; o faraó não tinha nenhuma razão para ir pela manhã “ao rio”, nem para suas abluções, nem para suas necessidades, pois ele dispunha de um banheiro. Vê-se nesse trecho também a ameaça do Senhor de causar uma doença terrível aos camelos e a outros animais egípcios (Ex, IX-3-3): ora, não havia camelos no Egito dessa época e muito menos tropas de camelos. Esse animal apareceu apenas tardiamente, durante a ocupação grega do país, isso é, no século IV a . C., apesar de já estar domesticado na Ásia, no Oriente Médio e na Arábia (Erman & Ranke, La Civilisation Égyptienne, op.cit.)
Do ponto de vista psicológico, a narrativa do Êxodo faz de Moisés um tipo de mago, efetuando truques de magia para persuadir Ramsés da potência divina de que estaria investido. O milagre em si é uma confissão de impotência da divindade, obrigada a recorrer a prodígios quando não pode vencer os acontecimentos. Causam mais prejuízos à imagem do patriarca, à sua estatura e à sua credibilidade.
Do ponto de vista histórico, a narrativa incorre em fatos inverídicos que denunciam a data tardia de sua redação. Quando o autor escreve: “Vai ter com o Faraó e dize-lhe...” (Ex, VIII-1; IX-13 e X-1), denuncia sua completa ignorância em relação ao protocolo da corte, que não autorizava as pessoas mesmo que fossem de classes elevadas, e ainda menos sendo representantes de uma população de pessoas consideradas como escravas a irem interpelar o monarca como se fosse o patriarca da cidade. Tais fatos poderiam ocultar o papel considerável de Moisés no nascimento de Israel, papel de tamanha dimensão que, evidentemente, suscita uma lenda pouco cuidadosa em relação à verdade histórica. O que demonstra, mais uma vez, que o Antigo Testamento – e também o Novo – devem ser considerados como lendas heróicas e, ocasionalmente, como elementos históricos.
A conclusão de Messadié em suas notas críticas é a de que em nenhum momento Moisés pôde ter retornado ao Egito depois de ter saído de lá. De fato, o Êxodo deve ter sido organizado no Egito por Aarão, seguindo as instruções de Moisés, como, aliás, deixa a entender o Antigo Testamento. Decorre daí a grande importância assumida por esse meio-irmão, e as altas funções que Moisés lhe atribuiu e que ele conservou em seguida, depois da saída do Egito, apesar de suas carências e falhas. A verdade histórica do Êxodo é atestada somente por esse livro epônimo do Pentateuco. Evidentemente, essa lacuna não invalidada o livro do Êxodo, mas sugere apenas que a saída dos hebreus do Egito foi interpretada pelos egípcios como um incidente de pouca importância não chegando a afetar o humor de Ramsés, nem o ritmo das construções empreendidas.

Thomas Paine, que escreveu em Idade da Razão para defender o teísmo, desmistifica Moisés o herói e contra a deturpação da religião. Como por exemplo, em Números: Ele fala a seus generais após uma batalha e os critica por pouparem tantos civis, uma verdadeira incitação ao genocídio:

“Matai, portanto, todas as crianças do sexo masculino. Matai também todas as mulheres que conheceram varão, coabitando com ele. Não conserveis com vida senão as meninas que ainda não coabitaram com homem e elas serão vossas.”

Thomas Paine, escreveu e nunca foi refutado,

“...que esses livros são espúrios e que Moisés não é seu autor; ainda
mais, que eles não foram escritos na época de Moisés, e sim várias centenas de anos depois, que eles são uma tentativa de construir uma história da vida de Moisés e da época em que ele teria vivido; e também de épocas anteriores, escritos por alguns embusteiros, muito ignorantes e idiotas vários anos depois da morte de Moisés; como hoje os homens escrevem histórias e fábulas de coisas que aconteceram, ou supostamente aconteceram, há várias centenas de anos ou vários milhares de anos.”

Coitado do Moisés (em inglês Moses) os redatores bíblicos colocaram tantos feitos históricos nas suas costas e tantas palavras na sua boca, escrevem e acrescem coisas desnecessárias a respeito dele que supostamente aconteceram, que se chega realmente a duvidar de sua real existência.
Sobre Abraão a ciência ainda busca pistas sobre a existência desse personagem. Atualmente, historiadores, arqueólogos e estudiosos dos textos bíblicos admitem que provavelmente um homem chamado Abraão tenha vivido na chamada era dos patriarcas, período histórico que remete aa Idade do Bronze, entre 2.000 a . C. e 1.500 a . C. Tabuinhas de argila encontradas em cidades próximas ao rio Eufrates, onde na Antiguidade se localizava a Mesopotâmia e hoje estão a Síria e o Iraque, indicam que os eventos da vida de Abraão, presentes no relato bíblico, podem ter realmente acontecido, mas não necessariamente protagonizados por um único homem.
O que hoje os especialistas afirmam é que um Abraão, chefe de um grupo seminômade. Realmente existiu, talvez menos heróico e formidável que a história do seu povo. Assim como tantos outros chefes seminômades, o Abraão histórico deve ter deixado um legado fundamental para o seu clã. Sua história, contada de pai para filho, acabou prevalecendo sobre as demais e incorporando elementos, alheios à saga original, de outros personagens também conhecidos pelos povos da época. Talvez historicamente não tenha existido um só Abraão, mas vários, que ajudaram a compor o Abraão bíblico. Uma jornada que ainda não acabou, nem para os fiéis e nem para a ciência.


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